No final da tarde de hoje, na Band, um conhecido jornalista esportivo classificou de 'a coisa mais esdrúxula' que tinha visto no futebol gaúcho nos seus '15 anos de carreira' essa situação envolvendo a folga de Renato.
Com o tom de voz elevado, um tanto acima do normal, criticou Renato por ter pedido afastamento para jogar futevôlei 'em pleno campeonato gaúcho' e a direção por ter permitido.
Incluo essa manifestação no arquivo dedicado aqueles que não se conformam que o Grêmio (sua torcida ao menos, e é o que afinal importa) tenha essa relação de amizade, de cordialidade de tolerância com seu maior ídolo. Parece que isso incomoda, perturba, inquieta e, em alguns casos, causa revolta e inveja.
Se a questão é o afastamento em pleno Gauchão, como podemos classificar a decisão de uma diretoria e de sua comissão técnica de escalar um time C para disputar uma parte significativa do campeonato, o que resultou na sua eliminação prematura da primeira fase? Será que cabe a palavra esdrúxula para essa decisão? Acredito que sim.
Estou certo de que essa questão do futevôlei teria outro tratamento se o Grêmio tivesse perdido o primeiro turno.
Colegas do talentoso jornalista apressaram-se a lembrar de situações mais ridículas: a poltrona 36, por exemplo.
Mas aí fugimos um pouco da questão que interessa: a gestão do futebol. Nesse aspecto, nada pode ser comparado ao que fez a diretoria anterior do Grêmio ao esperar 40 dias por um treinador em meio à disputa de uma Libertadores. Por coincidência, Renato era apontado em todas as pesquisas feitas com a torcida gremista como um dos fortes candidatos a substituir Roth (toc-toc-toc).
Enfim, essa foi de longe a decisão mais esdrúxula e estapafúrdia que eu vi nos meus 32 anos de carreira como jornalista, a maior parte do tempo no futebol.
Estou convencido de que o colega, na ânsia de alfinetar Renato, não pensou muito sobre o assunto, ou foi traído pela memória. Ou, ainda, realmente acredita que dar folga a Renato foi mesmo uma decisão que causou enorme prejuízo à instituição. É uma questão de valores.
SAIDEIRA
No Sala de Redação, percebi que seus participantes ficaram consternados com a situação de Gilson, que depois de marcar o gol mais bonito de sua carreira, foi imediatamente substituído por Renato. Teria sido uma espécie de punição. Não foi, claro. Por que Renato iria punir o lateral esquerdo que mais admira no elenco gremista? Era uma questão de buscar a vitória e, nesse caso, não se pode perder tempo. Renato colocou um atacante.
Ah, pobre do Gilson. Ah, digo eu, pobre do torcedor que tem que aguentar o Gilson.
FECHANDO A CONTA
Há exatamente um ano, mais ou menos neste horário, eu decidia deixar a Caldas Jr, onde comecei a trabalhar em 1978. Foi uma decisão difícil, mas as circunstâncias me deram força e determinação.
No dia seguinte, primeiro de abril, pela manhã, bem cedo, entreguei minha carta de demissão no departamento de pessoal.
Um mês depois, convidei colegas do esporte que julgava amigos (afinal, tínhamos uma relação fraterna, éramos quase uma família, daquelas que se dá bem) para uma confraternização num bar. Só apareceu o Chico Izidro.
Agora, cheguei a pensar em convidar os ex-colegas de tantas brincadeiras na redação para um encontro comemorativo a este primeiro aniversário de desligamento do CP. Poderíamos falar do velho Moura, que nos deixou recentemente, e dos velhos tempos. Daríamos boas risadas. E, claro, falaríamos mal dos ausentes, que é a melhor parte nesses encontros.
Mas acabei me dando conta que pagaria outro mico, passaria por outra decepção. De decepção chega as que o Grêmio me dá.
Hoje, infelizmente, eu sei que nós não éramos tão amigos quanto eu imaginava. Mesmo assim, ficaram os bons momentos, e estes são meus parceiros para sempre.