quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Gre-Nal e Jonas, o Nilmar do Olímpico

Antes de viajar para a lagoa de Ibiraquera (SC), dou mais um pitaco, motivado por alguns assuntos importantes, a começar pelo presidente Lula, que ontem teve uma crise de hipertensão e foi parar numa emergência de um hospital de Pernambuco.

É claro que ele não foi atendido numa emergência do SUS.

Mas o que me preocupa, e me irrita, e me revolta, é a seguinte notícia:

“Um veto do presidente Lula à lei orçamentária libera pagamentos de R$ 13,1 bilhões a quatro obras da Petrobras com irregularidades “graves” apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Entre as supostas ilegalidades estão a prática de preços superiores aos de mercado, falta de detalhamento nos gastos e falhas nos projetos”.

Como vocês sabem, o TCU colocou sob suspeição uma 15 obras do PAC e foi muito criticado pela Dilma e pelo Lula.

Agora, um tema mais ameno.

O Inter massacrou o Juventude. Foi no Beira-Rio e o Juventude não é mais aquele. Mesmo assim, o Inter mostrou a força do seu time titular. A goleada pode ser aquela do tipo engana bobo.

Se for assim, é possível considerar que as dificuldades (preocupantes) que o Grêmio está encontrando para somar pontos no Gauchão também pode ser engana bobo. Nos Plátanos, ficou num 2 a 1 sofrido.

Numa análise simples, e simplória, o Inter vai para o Gre-Nal em Erechim como favorito. E muito favorito. Tem uma equipe mais entrosada e com alguns ótimos jogadores. O Grêmio está em formação, tudo muito confuso. Muitas experiências, o que é natural. Já o Inter está com seu time definido, fora um outro detalhe.

D’Alessandro, atropelado por uma jamanta no Beira-Rio, está fora. Não chega a ser um grande desfalque, porque Fossatti tem um substituto à altura do argentino, talvez melhor, o Giuliano. O problema é que D’Alessandro pode fazer é na Libertadores.

No ano passado, o Inter venceu o Gre-Nal que seria disputado no Olímpico e aconteceu no Colosso da Lagoa.

Agora, o Grêmio meio que fica na obrigação de vencer o clássico que seria no Beira-Rio para equilibrar a coisa.

A questão é que o Inter vai melhor para o jogo, sem dúvida.

Se o técnico Silas se iludir com a partida até boa feita pelo Joílson e deixa-lo no time, a coisa vai ser feia. Encardida.

Silas terá de armar um time mais forte na marcação. O Fábio Santos, por exemplo, nem precisa viajar. Se é para amarelar, como ele costuma fazer, melhor que fique em casa. Mas Silas parece que já escalou o Fábio. A opção, Lúcio, também não tem sido grande coisa.
Outra coisa: preocupante a forma como o Rafael Marques entrou no lance do gol do Santa Cruz. O atacante armou o chute e ele, o zagueiro, virou de bunda. Aí não dá!

Sugestão de Grêmio para o Gre-Nal (sugestão de Inter não precisa, porque o time está fechadinho):

Victor; Mário Fernandes, Rafael Marques e Maurício; Mailson, Adilson, Ferdinando, Souza e Hugo (F. Santos ou Lúcio); Jonas e Borges (Leandro, se estiver bem). Fosse eu o técnico já teria experimentado o William ao lado do Jonas.

DIZEM POR AÍ...

... que o veterano Kleber Pereira pode repetir o veterano Alex Mineiro, sucesso no Gauchão engana-bobo e fracasso na hora da verdade, a Libertadores.

EM TEMPO

No ano passado, cometi a ousadia de escrever que o Jonas tem um futebol que lembra o do Nilmar, um atacante com luz própria, que não depende só de jogadas tipo prato-feito para marcar. Faltava para Jonas, escrevi na ocasião, mais confiança nas conclusões, o que ele só teria quando entrasse no time e tivesse uma sequencia de jogos. Bem, isso está acontecendo agora.
Jonas está cada vez mais parecido com o Nilmar. O gol de ontem sobre o Santa Cruz é um indício.

Podem me apedrejar, mas em pouco tempo mais gente estará dizendo isso. Só não esqueçam que eu sou o primeiro, pra variar.

SAIDEIRA

Acho que volto ao boteco só depois do Gre-Nal.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Douglas agora é unanimidade, mesmo sem jogar

Quando o nome de Douglas foi lançado como possibilidade, a maior parte de gremistas e colegas da imprensa ficou questionando no lugar de quem ele poderia entrar.

Ora, na meia-esquerda, como articulador, na função do Tcheco, escrevi.

Na ocasião, antes de começar o Gauchão, todos, ou quase todos, apostavam no Hugo para jogar com a ‘dez’, desconhecendo completamente as características desse jogador, que é mais um meia ofensivo ou, com boa vontade, um segundo atacante.

Na real, mesmo, é um ótimo reserva para entrar no segundo tempo, esta é a verdadeira posição do Hugo.

Quer dizer, Hugo e Leandro jogam mais ou menos na mesma zona do campo, zona hoje ocupada pelo Souza. São duas contratações que se sobrepõem, em outro erro da direção. Até é bom ter opções de qualidade nessa faixa de campo, mas não a esse custo. No caso, o Grêmio tem o Mithiuê para jogar por ali também.

Faltava mesmo é um articulador. E aí agiu muito sabiamente a direção gremista. Garimpou um diamante. Posso estar exagerando, mas Douglas vai arrumar esse time torto, cheio de condutores de bola, jogadores que parecem formigas correndo de um lado para o outro do meio para o ataque.

Então, nos espaços que tive para me manifestar durante esse meu período de férias parciais, sempre enfatizei que Douglas viria para ser titular ao lado de dois volantes (de preferência Adilson e William Magrão, com chance para o F.R., se ele jogar o que jogou um dia).

Na quarta função do meio, disputa de posição entre Souza, Hugo e Leandro. E fim de papo. É claro que um deles, dentro de um processo de acomodação de jogadores caros, poderia jogar no ataque no esquema 3-6-1. Correndo por fora, esse talento que é o Mithiuê (é assim que se escreve?).

Para concluir, diante do futebol (zinho) que o time apresentou até agora, com alguns momentos promissores, é verdade, os que antes não sabiam bem por que contratar Douglas, já apontam o ex-meia do Criciúma (estava aqui pertinho) como solução para o meio de campo.

Foi preciso que Hugo e Leandro jogassem para que esse pessoal visse o óbvio. O Grêmio não iria a lugar algum sem um meia para pensar o jogo. Agora, ao menos tem uma chance. E uma chance boa.

Douglas agora é unanimidade, pelo que tenho visto. Mesmo sem jogar. É que os outros já jogaram e mostraram que a solução não está ali.

EM TEMPO

Hoje, joga o Maurício em Santa Cruz, na minha terra. Lá o furo é mais embaixo. Mas aposto que o Maurício vai dar conta do recado naquele caldeirão dos Plátanos e mostrar que na área é ele quem manda.

EM TEMPO II

Morreu Gasperin. No meu começo como setorista do Inter convivi com ele. Gente boa. Simples. Sempre disposto a conversar com o repórter iniciante. Morreu cedo, mas deixou seu nome marcado na história do futebol e, principalmente, teve uma passagem digna por este plano da existência.

QUESTÃO DE ORDEM

Pessoal, estou em contagem regressiva para viajar por uns dias, três ou quatro. Então, o boteco vai fechar. Se bem que o Francisco tem a chave e aí vocês podem avançar no meu estoque de cerveja. Tudo bem. Desde que façam a reposição porque voltarei com sede.
Ah, vou pra Lagoa de Ibiraquera, ali perto de Garopaba. Isso significa que vai chover muuuuuito naquela região.
Se alguém aparecer por lá será fácil me localizar. É só seguir um clarão branco na orla...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O xerifão do Olímpico e a feiurinha

Se felicidade é a soma de pequenos momentos de alegria e satisfação, tenho acumulado alguns desses momentos. Por exemplo, quando leio que o filme ‘Xuxa e o mistério da feiurinha’ (juro que a feiurinha não é o meu colega Alfredo Possas) bateu o filme apologia sobre o ‘cara’ do Obama e de muita gente que tapa os olhos, as narinas e os ouvidos para seguir amando o candidato a presidente da ONU, ao Nobel da Paz e, de quebra, do Haiti.

Essa feiurinha só me dá alegria.

Mas voltando ao futebol – meu momento de felicidade se esvai quando toco nesse assunto -, leio que o Ricardo Oliveira pode voltar ao Brasil. O objeto de desejo de dez entre dez colorados (gremista se satisfaz com o Borges) vai para o São Paulo. Ou pode ir para o SP.

Aliás, o Grêmio está virando filial do SP. Parece que com a saída do Rever vem um zagueiro do Morumbi.

Zagueiro por zagueiro aposto minha fichas no Maurício. Sim, o brigão, aquele que encarou a jamanta Obina.

Nem sei se ele é bom tecnicamente, mas zagueiro para mim precisa ter acima de tudo atitude. Tem que ter caráter, firmeza, coragem para cobrar os colegas (só não precisa brigar dentro de campo como aconteceu, mas foi um excesso perdoável).

Se alguém não lembra, repito o que escrevi após a briga dos dois ex-jogadores do Palmeiras. Ocorre que o Obina marcava um jogador do Grêmio, que acabou ficando livre para fazer o gol. Maurício, que marcava outro, cobrou o descuido do atacante, que deixou o rival sozinho para pegar um rebote. Se não me engano, só eu que escrevi sobre a causa da briga.

Então, não fico chateado com a saída do Rever. Zagueiro o Grêmio tem, inclusive na base, como costuma repetir o meu parceiro de boteco, o Francisco.

Posso estar enganado, mas Maurício pode ser o xerifão que o Grêmio precisa dentro da área. O novo Oberdan.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Jonas e Alecsandro

Quase fui linchado aqui no boteco quando escrevi que o Grêmio estava trazendo sobras do São Paulo como se fossem grandes contratações.

Hugo e Borges são bons jogadores, sem dúvida. Mas pelo que jogam custam muito. Na base gremista, há coisa melhor, e mais barata. Só precisam da mesma oportunidade que ganham os medalhões que vêm de fora, trazidos por sorridentes empresários.

Se esses dois fossem tão bons quanto grande parte da torcida acredita (ou acreditava), eles teriam decidido o jogo contra o poderoso Veranópolis. Mas, em pleno Olímpico, apoiados pela torcida, foram discretos.

Ambos serão reservas em breve.

O time C do Inter empatou em Santa Maria. Sabia que jogando fora de casa, a situação seria diferente.

Pior foi o Grêmio, com sua força máxima. Empate também por 1 a 1.

Silas acredita em Ferdinando na lateral. Tem direito de testar e aposta em sua convicção. Agora, Maílson dá resposta melhor nessa posição.

Na ala esquerda, duas figuras que não me entusiasmam. Mas que podem render mais quando o time ficar ajustado.

E quando o time ficará ajustado? Quando conseguir alguém para ser o articulador, a cabeça pensante. Douglas, no momento, me parece o nome mais adequado para essa função antes exercida por Tcheco.

O que não pode continuar é o que estou vendo: Souza como centralizador das jogadas.
Souza, como Hugo, é um coadjuvante na organização da equipe. O Leandro é outro com essa característica. Então, o Grêmio contratou dois jogadores para disputar com Souza. Nenhum para o lugar de Tcheco.

Outra coisa: Túlio não pode ser titular.

Lamentável o F. Rochemback. Salário milionário, ele se apresentou com peso muito acima do normal. Hoje, ficou de fora por algum outro problema, lesão, sei lá. Não admito que um jogador que terminou o ano como ele, decepcionando, não entre em férias com um mínimo de preocupação em cuidar de sua forma. Para mim, isso sinaliza que aí está um jogador que não se preocupa mais com a carreira. Já ganhou muito dinheiro, assinou um belíssimo contrato e, se jogar ou não, terá sua conta bancária engordada a cada 30 dias.

Tempos atrás escrevi que a torcida ainda iria sentir saudade do Léo. A zaga do Grêmio está danada. Sofreu cinco gols em três jogos contra modestos times do Interior.

Sobre Jonas o que tenho a dizer é que ele continua sendo o melhor atacante do Grêmio. Bom pra ele, preocupante para o Grêmio.

Eu até gosto do Jonas, mas não a ponto de considerar positivo que ele seja o melhor atacante de um time que ambicionar ser campeão da Copa do Brasil.

É o caso de Alecsandro. Ele é o goleador do Inter, mas o Inter precisa muito mais do que um Alecsandro para realmente ser candidato ao título da Libertadores.

Agora, para brigar pelo título do Gauchão, Jonas e Alecsandro são mais do que suficientes.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jobson, Ramon, Maxi e Damião: quatro destinos

1 - A punição de dois anos para Jobson é um exagero. Os doutos do STJD foram rigorosos. Na verdade, seguiram uma orientação dos vovôs da Fifa, gente que vive encastelada na Suíça e parece desconhecer a realidade.

Jobson admitiu ter fumado crack. Disse que usa a droga há mais tempo. É, portanto, um viciado. Um doente, e doente precisa ser tratado. O tratamento inclui trabalho, manter a mente e o corpo ativos.

Impedir que Jobson exerça sua profissão por tanto tempo pode ser fatal. É lógico que ele merece ser afastado do futebol por algum tempo, mas nunca por dois anos.

É tempo demais. A tendência é de que Jobson afunde ainda mais. Antes de ser um atleta, Jobson é um jovem que precisa de ajuda.

Tenho esperança de que a punição seja atenuada.

2 – Outra injustiça é com o lateral Ramon. O jogador tem contrato por mais um ano e meio com o Inter. O clube quer prorrogar o prazo, pensando na possibilidade fazer um bom negócio mais adiante.

O guri, que conseguiu se destacar no Vasco, reluta.

Como forma de pressão, a direção colorada repete uma velha tática: coloca o jogador na geladeira. É uma chantagem. Ou renova agora, mesmo faltando um ano e meio, ou não joga.

O clube está no seu direito. Tudo bem. Agora, o jogador também tem o direito de buscar o melhor para si. Ele aceita antecipar a renovação, mas dentro de suas condições.

O que se lê e se ouve mais é a versão do clube, como só ele tivesse razão nessa história. O jogador e seu procurador acabam ficando como ‘dinheiristas’ ou coisa parecida.

3 – Maxi Lopez assinou com o Catania, um clube menor do futebol italiano. O argentino também defendeu seus interesses, que não incluíam ficar em Porto Alegre. Ele queria sair daqui. Está muito claro. Primeiro, pra Lazio, na mão grande. Queria sair de graça, no amor. Espertinho ele. O Grêmio reagiu e fez o que tinha que fazer, cumprindo o que estava previsto no contrato: depositou a parcela para ter direito a parte do passe. Espero que agora vá à Fifa.

Maxi usou o Grêmio para aparecer de novo. E na primeira oportunidade voltou para seu lugar preferido, dele e da Vanda Nara, a Europa.

Alguém pode condenar essa preferência? Condenável é sua atitude de tentar enganar o Grêmio.

Como se vê, no futebol também vale-tudo. Do pescoço pra baixo, é canela, como dizia o Felipão no tempo de zagueiro.

4 – Por falar em atacante. Damião fez o gol da vitória sobre o Porto Alegre. É um centroavante típico, mas com boa técnica na condução da bola, inteligência, posicionamento e oportunismo.
É claro que precisa ser melhor avaliado. Para isso, nada melhor do que colocá-lo no grupo principal.

Agora, se confirmar, não fica muito tempo no Beira-Rio.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A sabedoria do mestre Foguinho e a arte de formar laterais

Quando comecei a cobrir futebol, fazendo setor do Inter e depois do Grêmio, alguns jogadores ficavam treinando fundamentos após os treinos. Cobranças de falta, de escanteio, cruzamentos com bola rolando, etc.

Entre esses, Falcão. Já era um jogador de seleção, mas ele próprio admitia algumas deficiências. Treinava conclusões com bola rolando, cobranças de falta de média e curta distância, cabeceio.

Enfim, humilde e aplicado, profissional responsável e sério, Falcão sabia de suas (raras) limitações, e não se acomodava. Quando se transferiu para a Roma já era um jogador praticamente completo. No futebol italiano, evoluiu ainda mais.

Hoje, o que vejo, são jogadores enriquecendo rapidamente, uma minoria, ressalte-se. Não precisam aperfeiçoar-se. Cumprem seu turno de trabalho e deu.
Esses, até entendo.

Difícil de entender é a imensa maioria. Jogadores jovens, médios, só porque já estão em algum clube de ponta, ganhando 50 ou 100 mil, se consideram prontos. E, pior, seus técnicos nem ligam. Muito menos os dirigentes. Deveriam cobrar, exigir mais esforço para evoluir, crescer no futebol, e assim ganhar mais dinheiro um dia.

Seus procuradores, que basicamente só pensam em faturar, poderiam orientar seus representados.

Grêmio e Inter há tempo procuram laterais de qualidade.

Não seria o caso de pegar um meia que goste de marcar, um zagueiro veloz ou um volante de boa técnica, e trabalhar em cima dele?

O grande Osvaldo Rolla, o Foguinho, ensinava, com um pouco de exagero, que ‘lateral não se compra, se forma’.

Se não der para comprar o Vitor, que se forme alguém. O Mário Fernandes está quase pronto. Ele só precisa aperfeiçoar o cruzamento. Poderia fazer isso assistindo a vídeos do Valdomiro e do Arce. Depois, exercitando, repetindo à exaustão.

O segredo é o cruzamento ‘efeito procurante’, que é aquela bola forte, pesada, em curva, saindo da zaga e pegando o atacante de frente. É preciso treino, arte. Vontade.

Outro que pode ser aproveitado como lateral é o Mailson. Ele entrou muito bem em Pelotas e, com o gol que marcou, ganhou moral. Vai crescer. Aliás, há dois anos que ele está pedindo para ter mais chances, uma sequencia de jogos. Mas com a ‘curumilhagem’ que empilharam no Olímpico quase não restou espaço para os guris da casa.

Agora, para alguns dirigentes, que fazem a alegria dos empresários, o melhor do futebol é fazer negócio. Compra aqui, vende ali, e segue o baile.

O Inter poderia descobrir um lateral no seu grupo. Garimpar na base ou num dos seus três times profissionais os jogadores mais aptos para essa função.

Na década de 80, o Luis Carlos Winck era volante do Junior colorado. Passou para a lateral e chegou à seleção brasileira. Aliás, com justiça. Era um grande jogador.

Voltando ao Grêmio. Em 1980, Paulo Roberto, o coelhinho, era volante do Junior gremista. Titular da seleção gaúcha da época. Passou para a lateral direita e se tornou um dos maiores vencedores do futebol brasileiro.

Exemplos estão aí.

Mas são exemplos de um período em que o futebol não trabalhava com tanto dinheiro.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Jonas entra e muda a cara (feia) do jogo

Estava previsto: o Grêmio teria dificuldade para vencer o Pelotas. O técnico Beto Almeida sabe armar um time, já provou isso. Ele conseguiu neutralizar os meias gremistas (Hugo, Souza e Leandro) no primeiro tempo, congestionando a sua zona intermediária.

Ao mesmo tempo, conseguiu uma saída rápida para o ataque, principalmente com o bom Tiago Duarte, um sósia do Jonas. Isolado na frente, perdido entre os zagueiro, Borges nada conseguiu fazer. O resultado é que o Pelotas terminou o primeiro tempo com 2 a 0, gols do Tiago Duarte e do Sandro Sotile.

O segundo tempo foi outro jogo. Silas já começou com Jonas, tirando Henrique. Com dois atacantes de ofício, os meias do Grêmio tiveram mais opções de jogada. É preciso considerar que o Pelotas, que deu tudo no primeiro tempo, começou a parar em campo, praticamente se limitando a garantir a vantagem, abusando do cai-cai. O time cansou.

Jonas fez 1 a 0 de pênalti, sofrido por Leandro. Depois, aos 21, Dick levou um merecido segundo cartão amarelo (entrada de sola no Souza, no meio de campo, quer dizer, uma bobagem) e foi expulso.

Com um jogador a mais, o Grêmio aumentou seu domínio. Era muita pressão. Souza enfiou uma bola para Borges, que livrou-se do zagueiro e chutou rasante, em diagonal, para empatar. Um belo gol, um gol de artilheiro, importante para ele que já havia perdido duas boas chances de marcar. A virada veio com Mailson, pegando um chute que ia para fora do Hugo. O Pelotas teve outro expulso, Jonatas, após falta sobre Jonas.

É preciso registrar que Jonas não deixou qualquer dúvida de que o Grêmio precisa renovar seu contrato. Ele é melhor que o Borges. Foi mais importante na Boca do Lobo. Pra variar, perdeu um gol feito logo que entrou, mas fez outras jogadas, abriu espaço com sua movimentação, não se submeteu à marcação.

Enfim, o Grêmio não pode abrir mão do seu goleador de 2009. A não ser que traga alguém superior a ele.

Gostei muito do Ferdinando. Marca, sai pro jogo, é inteligente, sabe se posicionar, participativo. Tem outra qualidade, o chute forte, que não conseguiu mostrar.

Henrique foi discreto, não comprometeu, mas também não mostrou grande coisa. Merece mais oportunidades. Mas acho que o Mailson é muito superior.

Leandro é habilidoso, rápido, inteligente. Pouco fez no primeiro tempo, melhorou no segundo, mas nada de excepcional. Cavou o pênalti do primeiro gol.

Hugo nunca me entusiasmou. É bom jogador, sem dúvida. Até gostei que ele foi mais brigador do que de costume. Também evoluiu no segundo tempo. Deve melhorar, mas não muito mais do que mostrou em Pelotas.

Borges jogou mais ou menos o que eu esperava dele, sempre considerando que jogo no Interior é complicado para alguém mostrar habilidades. Ele apareceu pouco na partida. Gosto de jogador mais presente, mais atuante, que briga mais pela bola. Não é o caso de Borges, como eu já sabia há muito tempo. Agora, quando a bola chega, ele saber o que fazer com ela, não é bobo. Mostrou isso no lance do gol. No Olímpico, longe das asperezas do interiorzão, ele vai se dar melhor, com certeza.

Sigo com minha convicção, Borges será um ótimo reserva para o ataque, assim como era no SP.

O melhor do jogo: Souza. Em segundo plano, Adilson, Jonas e Tiago Duarte.

Resumindo, os velhos Souza e Jonas brilharam mais que os festejados estreantes.

Agora, Gauchão é perigoso para avaliações. Toda cautela é pouca. É o tipo de campeonato que engana.

Ah, no final do jogo, Souza disse que é sempre melhor jogar com dois atacantes, como aconteceu no segundo tempo. Sobrou, de leve, para o Silas.

NOS ACRESCIMOS

O time B colorado deu um show no Beira-Rio quase vazio. Não vi todo o jogo, mas gostei de alguns jogadores, como Walter e Damião. Gostei também do lateral Fábio, do Ypiranga.
Agora, Gauchão é Gauchão. Esse mesmo time que me deixou impressionado positivamente, como jogaria lá em Erechim? Dificilmente repetiria a atuação.

Existem dois gauchões, o dos jogos no Interior e os dos jogos na Capital. Em casa, o pessoal do Interior joga como um leão, fora, como um gatinho.

Mesmo assim, gostei dos reservas do Inter.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Nosso dinheiro na Copa e o distante ano de 2.032

Uma notinha de rodapé de jornal pode trazer revelações importantes. Li hoje uma nota de arrepiar o cabelo. O governo brasileiro está bancando a Copa do Mundo, vocês sabem.

O capital privado está mais encolhido que bilau no inverno europeu.

A OAS anunciou que conseguir investidores para construir a Arena gremista. Já está apelando para a mãezona dos poderosos em dificuldades, o BNDES, que não foi criado para construir estádio de futebol, e sim para fomentar o desenvolvimento, auxiliando empresas que irão gerar empregos, etc.

Mas voltando a notinha de arrepiar: eu, tu, nós, trabalhadores do Brasil, vamos bancar a Copa.

Sim, é isso mesmo. Se não toda, grande parte.

O conselho curador do FGTS liberou 8 BILHÕES DE REAIS do nosso rico dinheirinho para obras da Copa.

É por essa e outras que eu fui e sempre serei contra o Mundial aqui. E também as Olimpíadas.
Donos de empreiteiras de todos os calibres estão salivando, esfregando as mãos. Políticos de todas as cores idem.

Se o governo ainda pegasse dinheiro dos impostos das grandes empresas, ainda vá, mas dinheiro do trabalhador? Do Fundo de Garantia? De que forma esse dinheiro irá retornar ao caixa do Fundo? Se é que vai retornar.

Só falta botar a mão na poupança.

Quando leio coisas assim é que eu me dou conta do quanto são insignificantes determinadas discussões sobre jogadores, se este é melhor do que aquele, se determinado dirigente está trabalhando certo, se o técnico está certo em usar esse ou aquele esquema, e por aí vai.

É, o Havaí é aqui. Mas sem terremoto, ao menos isso.

PERGUNTINHA

Se o Inter vai recorrer ao BNDES para reformar o Beira-Rio, por que o Grêmio não faz o mesmo e reforma o Olímpico? Ah, dá mais trabalho, mais incomodação?

É mais cômodo deixar que a OAS faça tudo e entregue a casa arrumada, mesmo que ela só vá ser sua daqui a 20 anos...

Muitos que estão a favor disso nem estarão vivos quando chegar o grande dia da posse plena, lá por 2.032.

E como estará a casa até lá?

E, mais importante, o clube?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O injustiçado Jonas

É estranha a maneira como o Grêmio, perdão, como os dirigentes tratam o Jonas. Muito tempo atrás escrevi que gostava do futebol do Jonas, um atacante que dribla, se movimenta, é participativo e inteligente.

Faltava a meu ver mais confiança em si mesmo, mais tranqüilidade na conclusão das jogadas. Era muito afoito, talvez em função da ansiedade para acertar.

Ele teve períodos péssimos. Foi emprestado à Portuguesa. Jogou bem, fez gols, e voltou com mais moral, mais confiança.

Aí esbarrou nessa má vontade que ele manifestou hoje em entrevistas.

Por exemplo, nos jogos decisivos da Libertadores, o Sr Autuori, com respaldo dessa diretoria, optou pelo notoriamente decadente Alex Mineiro. E Jonas, que estava bem naquele momento, ficou de fora.

No Brasileiro, ele deu a resposta. Marcou 15 gols e, não fosse a lesão, teria feito mais e o Grêmio se beneficiaria disso, talvez ganhando vaga na Libertadores deste ano.

Então, fica difícil entender e aceitar o presidente Duda dizer que poderia colocar o Jonas numa transação envolvendo o lateral Vitor.

Jonas tem razão em chiar, protestar. Ele realmente é tratado como um jogadorzinho qualquer, desses tantos que essa diretoria empilhou no Olímpico nos últimos tempos.

Não existe justificativa para não manter Jonas.

Talvez a diretoria acredite que tem algum atacante melhor que ele no grupo. Não tem.
Alguém vai lembrar o Borges.

Brincadeira tem hora...

Jonas e William (salvo eventual decepção) podem formar uma boa dupla de ataque. Borges começaria na reserva e, se mostrar um futebol que nunca vi nele, até pode disputar vaga no time titular.

EM TEMPO

Elogiei aqui as possíveis contratações de Vitor e de Douglas. Até agora nada. O boliviano Moreno também está cotado. É um ótimo atacante, melhor do que todos que estão no Olímpico. Por enquanto, é só mais uma tentativa.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Loco Abreu e o presidente

Loco Abreu provoca histeria nos torcedores do Vasco. Foi no treino de hoje, em São Januário. Isso que o uruguaio nem tocou na bola. Imagino como será quando ele começar a treinar com bola. Nova histeria, mas de raiva.

Não acredito no Loco Abreu. Nunca vou me esquecer de sua passagem meteórica pelo Olímpico. Lembro de um treino em que ele foi bater um pênalti. Chutou o chão. Dizem que o planeta se moveu alguns centímetros de tão forte que foi o chute.

Admito que de lá pra cá ele possa ter evoluído. Sei que foi goleador no México. É, lá no país de onde veio o volante Mathias.

Hoje, joga na seleção uruguaia, prova maior da decadência do futebol do simpático país vizinho.
Agora, tirando os exageros, Loco Abreu até que melhorou mesmo.

Treinou forte, se aplicou, e evoluiu.

Conheço um festejado presidente que poderia ter feito o mesmo, até porque não trabalha desde os anos 70. Teve um tempão para estudar, se qualificar, mas optou por continuar o mesmo sujeito quase analfabeto.

Se jogasse futebol, com certeza seria o Romário. Nunca gostou de treinar, tinha talento de sobra. Como o tal presidente.

Agora, nunca vi o Romário assinar contrato sem ler antes. E entender o que está escrito. O tal presidente assina projeto sem ler. E se leu, não entendeu. Ou se fez de morto pra ganhar sapato novo.

EM TEMPO

Há meio ano leio que o Tottenham quer o Sandro. Quer porque quer. Não entendo esse interesse, mas há tanta coisa que eu não entendo. Agora, a notícia de hoje, é que o clube inglês descobriu que quer mesmo é um volante experiente, que joga na Europa. Que mudança!

É aquilo que eu digo: os caras plantam notícia pra ver se despertam interesse, aí real, de algum clube poderoso. Fizeram isso com o Douglas Costa. Os grandes clubes do mundo ‘queriam’ o guri, que acabou se escondendo lá onde Judas perdeu as botas. Quer dizer, com o DC não colou. E acho que também não deu certo com o Sandro.

Tem dirigente no Beira-Rio pê da vida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

RG e a falta de assunto

O que faz a falta de assunto!

Sem jogos oficiais, poucas contratações, o pessoal dos debates esportivos passou o domingo e também esta segunda-feira discutindo a volta de Ronaldinho Gaúcho à Seleção.

O assunto esquentou, e foi esquentado ao máximo, porque o RG marcou dois gols pelo seu time, o Milan, esse que ele ama e pelo qual joga ‘com alegria’ até que surja uma proposta maior, o que a esta altura é impossível.

Jornais e sites destacam os tais gols, falam na presença do RG na África do Sul, sem perguntar antes a opinião do treinador Dunga.

Ronaldinho vai significar para Dunga o que Romário representou para Felipão.

Dunga vai viver um pesadelo. Não que ele não mereça, pelo contrário. Além disso, ganha muito bem para enfrentar o que vem por aí.

Será uma onda que vai crescer diariamente, e pode se tornar num tsunami se RG provar que realmente quer jogar – e tem condições físicas – futebol de novo, deixando de lado os pagodes e outras atividades extracampo.

E tem ainda o Ronaldo. Por enquanto, a mídia ainda não se manifestou, ao menos com força, mas é outro nome que, dependendo dos gols, logo estará ocupando todos os espaços esportivos, talvez superando o RG.

Hoje, na SportTV, tinha uma bancada debatendo quem sairia para RG entrar no grupo. Foram inúmeras considerações. Só faltou sacar um goleiro para abrir espaço ao jogador do Milan na Seleção. O assunto rendeu mais de meia hora.

Mas a novela vai continuar.

Agora, um palpite: Dunga não leva nenhum desses dois. Ele sabe muito bem quem são Ronaldo e RG, o que eles aprontaram na última Copa.

Agora, a pressão vai ser grande.

EM TEMPO

O Grêmio está tentando o meia Douglas. Ele jogou um tempo no Criciúma, e jogou bem. Nenhum clube gaúcho se interessou. No Corinthians, ele jogou muita bola. Como não veio Marquinhos, penso que Douglas pode ser o substituto de Tcheco. Ai, sim, o time começará a ganhar corpo e cara de quem pode disputar o título da Copa do Brasil.

DA SÉRIE ME ENGANA QUE EU GOSTO

... Lula assinou um projeto que praticamente instala uma ditadura no País, começando por instituir a censura à imprensa. Ao perceber a repercussão, alegou que não havia lido. O que é pior, assinar consciente, ou assinar sem ler?
E segue o baile...

EM TEMPO

Outro assunto que gerou debate: Fossati fumando no treino. Bem, sou da opinião que nenhuma figura pública pode aparecer fumando diante da tv e dos fotógrafos.
lembro que um dia vi a Ana Hickmann (nem forçado eu conto o que houve entre nós) num hotel em poa. ela estava no saguão fumando. foi uma decepção.
ao menos ela toma o cuidado de não aparecer assim, preserva sua imagem e não dá exemplo negativo.
Fossati pode fumar em qualquer lugar, menos em público.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Vitor e os atravessadores

O simples interesse do Grêmio pelo lateral Vitor já é um acerto. Indica que os doutos do futebol gremista agora trabalham com bisturi para ajustar o time, não mais com facão.

É o momento de investir em jogadores que resolvam, não empilhar esforçados ou firuleiros, aqueles que driblam para um lado e para o outro e de onde nunca sai nada, a não ser jogadas bisonhas e sem objetividade.

Já faz algum tempo que Vitor é citado aqui no boteco, nas rodas de chope. Seu nome é sugerido por gremistas e colorados. Até não consigo entender por que o Inter não o contratou, já que é tão rico e precisa de um lateral que resolver sua histórica dificuldade no setor.

Será que o Inter não é tão rico; ou não vê tanta bola assim no jogador do Goiás; ou há outros interesses conduzindo as negociações no beira-Rio?

Se for confirmada a contrata~çao de Vitor, posso rever minha convicção atual de que o time não passa da terceira fase da Copa do Brasil.

Gosto de contratações pontuais, jogadores que solucionem carências, não apostas. Se é pra investir em medianos, que se aposte na gurizada. Se bem que está difícil de extrair algo que realmente preste da base, a julgar pelo que temos visto ultimamente.

Ao mesmo tempo, vejo que Mithyuê se destaca nos treinamentos. Está aí um jogador que dará grande resposta. No ano passado, ele começou muito bem, mas aí se lesionou. Não tenho dúvida de que tem futebol para ser titular. É um dos raros das categorias de base que podem ser titulares.

Gosto de ver, também, o Silas apostando no Maylson, que foi ignorado pelo grande Autuori, que veio sem nunca precisar ter vindo.

Já que o Grêmio está lá pelo Goiás, quem sabe não traz também o Fernandão, que anda brigado no clube?

DIZEM POR AÍ...

... que o Inter já está se atravessando na contratação de Vitor pelo Grêmio....

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Falta alguém no meio campo

Uma enquete feita hoje apontou que o Grêmio contratou melhor que o Inter até agora. Pode ser. Tenho minhas dúvidas.

O resultado indica que o torcedor colorado não caiu nessa de que Wilson Mathias é espetacular, conforme definição do Fernando Carvalho.

Aliás, FC colocou imensa responsabilidade sobre esse jogador. Se ele jogar bem, terá fracassado. Terá de ser espetacular, ou ao menos alguém capaz de ser titularíssimo do time.
O fato de ter sido destaque no modesto futebol mexicano não é credencial.

Há alguma coisa no ar.

Mas esse é o jogador que o Inter trouxe para o lugar de Sandro, que deve mesmo sair.

Quem já saiu e está fazendo as malas é o Douglas Costa. Foi vendido ao Shaktar Donetsk por 17 milhões de reais, e o Grêmio fica com 15 por cento do passe. Pelo menos isso é o que foi passado.
Douglinha vai se esconder na Ucrânia. Creio que nunca saberemos qual seu verdadeiro potencial.

Nunca vi nele potencial de craque, mas ele seria muito útil nesta temporada, porque é habilidoso, rápido, ousado no drible. Estava evoluindo e talvez até chegasse à condição de craque, ou de jogador diferenciado. Agora acho que nunca saberemos.

É evidente que o Grêmio precisa desse dinheiro. Fica claro, também, que a direção pensa mais ou menos como eu. Ele dificilmente jogará tanto a ponto de valer muito mais do que isso. Caso contrário, o Grêmio colocaria de novo aquele cartaz ‘não vendemos craques’, referindo-se ao RG.
Diante disso, é melhor garantir essa grana para pagar as contas.

Assim, é tudo com o Hugo, jogador que considero um acessório, nunca alguém capaz de comandar o time, como fazia, bem ou mal, o Tcheco.

Falta alguém para comandar o time no meio de campo.

Vamos ver como Silas, que queria Marquinhos, resolve esse problema que lhe foi deixado pelos doutos do futebol gremista.

Em tempo

Levo fé que o William vai fazer a torcida esquecer o Maxi.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A resposta da natureza (sobrou até pra mim)

Depois de muita festa no oeste catarinense, mais exatamente na cidade de Saudades, onde predominam os gremistas, voltei hoje ao meio-dia.

Saí de Saudades ontem, segunda-feira, às 10h. Minha viagem demorou, portanto, 26 horas.
Sou uma das vítimas das enchentes. Felizmente, uma vítima que saiu inteira, cansada, mas inteira. Outras perderam muito, de bens materiais até a vida, sua ou de pessoas próximas.

São os rios, as montanhas e as árvores reagindo à ação devastadora do homem, que parece determinado a acabar com a própria espécie.

Viajava tranquilo, parando para comer, tomar suco de uva na região de Sarandi, enfim, sem sobressaltos. De vez em quando uma chuvinha pra refrescar. Pretendia chegar por volta das 18h, sem pressa, porque ‘são demais os perigos dessa vida’.

Lá pelas 16h estava em Pouso Novo, que fica entre Soledade e Lajeado, bem na descida. Ali, parei.

A ponte sobre o rio Fão estava interditada. O rio, que não passa de um arroio metido à besta, havia subido demais, acho que uns 15 metros, inundando todo o vale e ameaçando invadir o leito da ponte. Fiquei ali por mais de uma hora. Estava há uns 3km da ponte. Caminhei até lá pra tirar uma fotos. Chovia, mas eu precisava tirar as fotos. Imagine se a ponte é arrastada pela violenta correnteza na hora que tiro as fotos, hein?

Já me vi ganhando prêmio, vendendo a foto para o mundo todo. Não aconteceu nada. Não adianta, jornalista gosta de uma desgraça, desde que não seja com ele. Bem , tirei as fotos.

Conversei com um policial. Não havia previsão de liberar a ponte. Havia centenas de veículos, era uma fila enorme. Ônibus lotados de passageiros, caminhões carregados, carros com crianças...
Alguns começaram a voltar. Fomos nessa. Sem saber direito aonde ir. Tinha gente dizendo que havia uma rota alternativa.

Acabei viajando 150 km, rumo a Marau, que fica na região de Passo Fundo. Por ali, eu poderia seguir rumo a Guaporé, Encantado e Lajeado. Depois, Porto Alegre.

E sempre chovendo. Em Marau, já de noite, chuva ainda mais forte, estrada péssima, buracos de sobra e sinalização nula. Depois de ver cinco carros quebrados na beira da estrada e com a chuva apertando, paramos em Marau.

Peguei a última vaga numa pousada. Eram 22h. Outros chegaram depois em busca de lugar para um pernoite. Desespero.

Tinha uma garrafa de vinho tinto na mala. Tomamos até a última gota.

De manhã cedo, já sem chuva, seguimos viagem. Realmente, estrada ruim até Guaporé. Depois, tudo melhorou.

Foi uma dia de pesadelo, mas nada comparável ao que estão passando milhares de pessoas, a maioria gente simples, colonos (trabalhadores da terra, como dizem os petistas) diante do dilúvio que se abateu sobre algumas regiões do Estado.

Vamos aguardar o que vem por aí, porque vem mais, muito mais.

A natureza reage à agressão do homem.

QUESTAO DE ORDEM

Lamentável as rádios de Porto Alegre. Pouca informação sobre a região onde eu estava e nenhuma sobre rotas alternativas, tanto para subir como para descer. E queria saber, por exemplo, se a rota Passo Fundo/Marau poderia ser usada, já que à tarde ela havia sido bloqueada. Nada. Até liguei pra uma ou outra. Mesmo sem saber o que encontraria fui, porque sabia que a ponte não seria liberada tão cedo.
Ah, e ainda por cima pegam muito mal, isso a uns 150 km de porto alegre.