terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A resposta da natureza (sobrou até pra mim)

Depois de muita festa no oeste catarinense, mais exatamente na cidade de Saudades, onde predominam os gremistas, voltei hoje ao meio-dia.

Saí de Saudades ontem, segunda-feira, às 10h. Minha viagem demorou, portanto, 26 horas.
Sou uma das vítimas das enchentes. Felizmente, uma vítima que saiu inteira, cansada, mas inteira. Outras perderam muito, de bens materiais até a vida, sua ou de pessoas próximas.

São os rios, as montanhas e as árvores reagindo à ação devastadora do homem, que parece determinado a acabar com a própria espécie.

Viajava tranquilo, parando para comer, tomar suco de uva na região de Sarandi, enfim, sem sobressaltos. De vez em quando uma chuvinha pra refrescar. Pretendia chegar por volta das 18h, sem pressa, porque ‘são demais os perigos dessa vida’.

Lá pelas 16h estava em Pouso Novo, que fica entre Soledade e Lajeado, bem na descida. Ali, parei.

A ponte sobre o rio Fão estava interditada. O rio, que não passa de um arroio metido à besta, havia subido demais, acho que uns 15 metros, inundando todo o vale e ameaçando invadir o leito da ponte. Fiquei ali por mais de uma hora. Estava há uns 3km da ponte. Caminhei até lá pra tirar uma fotos. Chovia, mas eu precisava tirar as fotos. Imagine se a ponte é arrastada pela violenta correnteza na hora que tiro as fotos, hein?

Já me vi ganhando prêmio, vendendo a foto para o mundo todo. Não aconteceu nada. Não adianta, jornalista gosta de uma desgraça, desde que não seja com ele. Bem , tirei as fotos.

Conversei com um policial. Não havia previsão de liberar a ponte. Havia centenas de veículos, era uma fila enorme. Ônibus lotados de passageiros, caminhões carregados, carros com crianças...
Alguns começaram a voltar. Fomos nessa. Sem saber direito aonde ir. Tinha gente dizendo que havia uma rota alternativa.

Acabei viajando 150 km, rumo a Marau, que fica na região de Passo Fundo. Por ali, eu poderia seguir rumo a Guaporé, Encantado e Lajeado. Depois, Porto Alegre.

E sempre chovendo. Em Marau, já de noite, chuva ainda mais forte, estrada péssima, buracos de sobra e sinalização nula. Depois de ver cinco carros quebrados na beira da estrada e com a chuva apertando, paramos em Marau.

Peguei a última vaga numa pousada. Eram 22h. Outros chegaram depois em busca de lugar para um pernoite. Desespero.

Tinha uma garrafa de vinho tinto na mala. Tomamos até a última gota.

De manhã cedo, já sem chuva, seguimos viagem. Realmente, estrada ruim até Guaporé. Depois, tudo melhorou.

Foi uma dia de pesadelo, mas nada comparável ao que estão passando milhares de pessoas, a maioria gente simples, colonos (trabalhadores da terra, como dizem os petistas) diante do dilúvio que se abateu sobre algumas regiões do Estado.

Vamos aguardar o que vem por aí, porque vem mais, muito mais.

A natureza reage à agressão do homem.

QUESTAO DE ORDEM

Lamentável as rádios de Porto Alegre. Pouca informação sobre a região onde eu estava e nenhuma sobre rotas alternativas, tanto para subir como para descer. E queria saber, por exemplo, se a rota Passo Fundo/Marau poderia ser usada, já que à tarde ela havia sido bloqueada. Nada. Até liguei pra uma ou outra. Mesmo sem saber o que encontraria fui, porque sabia que a ponte não seria liberada tão cedo.
Ah, e ainda por cima pegam muito mal, isso a uns 150 km de porto alegre.

7 comentários:

  1. A coisa anda feia. Para dar uma chuvinha em Porto Alegre, parece necessário cair o mundo no interior.
    Não posso deixar essa passar. Vi o segundo tempo de Grêmio x confiança, pela copa-sp. Sendo objetivo, o time tricolor sub 18 fede de ruim. Vai ser duro tirar algo de bom de lá.
    Bom retorno Ilgo.

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  2. Calma Rafael. O primeiro tempo não foi tão ruim, mas o problema é o Andrey que escalou um samba do criolo doido. Aparentemente hoje será uma equipe mais equilibrada. Outros fatores são campo com grama alta e o calor do horário, mas fundamentalmente a escalação errada. Bérgson só entrou no final e o meio campo estava Perdido da Silva. Pelo visto os políticos só tomarão algumas providencias quando o Guaíba transbordar, pois os deputados e senadores só olham Porto Alegre, Brasília e conchavos. Aliás, faz tempo que essa gente não pega no batente... São os profissionais da política de pai para filhos...

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  3. O cultivo do arroz nas várzeas e as extensas lavouras de soja assorearam os rios, riachos e sangas matando alguns. Chovendo os leitos e caixa não comportam os volumes de água. Ainda estou vendo como pequenos os estragos que futuramente devem ser maiores. Deveriam usar os presos nos períodos de estiagem para aprofundarem os leitos perenizando alguns e desobstruindo outros replantando árvores nativas nas margens. Não acredito muito na elevação do nível do mar, mas se ocorrer quem mora às margens do Guaíba e Uruguai serão os primeiros a serem afetados. O Shopping Praia de Belas só terá acesso por barco... Um cunhado está no Canadá e ficou três dias preso na casa da filha com 2m de neve na porta sob -16°. Já em Recife o mar ocupou uns 40 cm de praia nos últimos 20 anos. Onde haviam alguns coqueiros plantados a água derrubou tudo e agora só restam pedras para conter o avanço sobre a calçada.

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  4. Há uns 22 anos passei por Serra Talhada (terra do Lampião), Salgueiro e parei em Petrolina onde encontrei alguns gaúchos iniciando plantio de videiras no vale do São Francisco com irrigação. O Sarney havia prometido tocar a Ferrovia Transnordestina e lá andava eu seguindo os caminhos de ferro. Passei por alguns sítios visando identificar um bom local para instalar uma base para produção e distribuição de materiais para a dita ferrovia. Um dos melhores locais que encontrei eram uns 40 metros de altura em relação ao Rio São Francisco e uns 1.200 metros de distancia do mesmo e uns 700 m de uma rodovia. Contatei o dono da área em uma casinha de taipa e la pelas tantas perguntei por que não tinha horta, pois ele morava ali com a família. Ele me respondei que ali só dava macaxeira (mandioca), milho e feijão quando a chuva vinha. A 1,2 km do rio ele não plantava por falta d água... Passei agora pela região e muita coisa mudou com a chegada de empreendedores na vitivinicultura e fruticultura, mas o pessoal da região continua orando para São José e esperando a chuva.... Quanto à ferrovia, só agora é que está saindo do papel aos passos de tartaruga...

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  5. Ilgo; rádio, TV e jornal viraram feijão com arroz. Tudo depende dos sites e agencias para não gastarem os R$...

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  6. Se der, acompanho o jogo hoje. Espero mudar de opinião.
    Sobre plantio, não comento. Não tenho conhecimento para tanto.
    Sobre desastres, interessante como o lulla não aparece em nenhum deles para confortar as famílias ou mostrar preocupação.

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  7. O sergipano Confiança que poucos conhecem acabou de meter 5 no time da casa. Agora com atraso devido à falta de ambulância a bola rola.

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