sexta-feira, 30 de julho de 2010

Causas da crise gremista

Sempre que alguém me pergunta o que está acontecendo com o Grêmio, eu vacilo, olho pro lado, assobio, e tento seguir em frente ou mudar de assunto.

Se insistem, peço mais um chopp e arrisco uma explicação com base na minha experiência como repórter esportivo e observador das coisas que envolvem a dupla Gre-Nal há mais de 30 anos.

Assim, ouso enumerar aspectos importantes e que ajudam a explicar o que está acontecendo no clube já há alguns anos:

1 – um quadro social influenciável por velhos caciques, vencedores no passado e que hoje, em boa parte, estão afastados, só aparecendo em determinados momentos, como em processos eleitorais, a exemplo do que aconteceu na última eleição, para alçar ao comando os seus escolhidos;

2 - um corpo de conselheiros acomodados, em sua grande maioria, e que fazem qualquer coisa para não perderem seus postos, mesmo que isso resulte em prejuízo do clube que dizem amar, que consideram sua religião, etc. São as vaquinhas de presépio, que dizem amém ao que dita a diretoria, embora, muitas vezes, fora das assembléias, se transformem em touros sanguinários criticando (em blogs e programas de rádio e TV) duramente determinados dirigentes, em especial aqueles não afinados com o seu grupo;

3 – um clube dividido em vários grupos, uma colcha de retalhos mal costurados. Gente que se aglutina algumas vezes por interesses partidários (PT, PMDB, DEM, PC, etc), afinidade pessoal, e principalmente em torno de determinados caciques, como ex-presidentes, muitas vezes até por uma questão de gratidão a quem os indicou para o Conselho Deliberativo ou para algum cargo na diretoria;

4 – uma diretoria composta por integrantes de grupos que lhe dão sustentação política, como se o clube fosse um órgão público, onde o comando é loteado para satisfazer a ânsia de poder e de vantagens dos partidos. Então, acontece de existir numa mesma diretoria gente que não se suporta, gente mais preocupada em ocupar espaço e puxar o tapete de ‘colega’. É onde ciúme e vaidade são sentimentos comuns, superando em muito o espírito de doação, de abnegação e de um autêntico interesse de servir. Em função disso, acontece de pessoas despreparadas (por vezes desonestas, o que no futebol até pode ser virtude no futebol dos dias que correm desde que não sejam também incompetentes) assumirem cargos importantes, contribuindo para o fracasso;

5 – o grupo, ou os grupos, que por ventura ficam de fora dessa diretoria ‘frankestein’ ainda tentam disfarçar, mas em alguns casos, talvez na maioria, torcem descaradamente pelo fracasso de quem está no poder, não raro repassando informações à mídia que comprometam a gestão, colocando gasolina no fogo.

6 – é importante frisar também que os clubes de futebol atraem todo o tipo de pessoas, nem todas bem-intencionadas. O volume de dinheiro que gira no futebol é um chamariz e pode seduzir até mesmo indivíduos que nunca cometeram deslize ético ou moral. Ao mesmo tempo, os clubes, em especial os grandes como o Grêmio, podem servir de vitrine e trampolim profissional e político, desde que o indivíduo tenha sucesso como dirigente, é claro. Caso contrário, perde o clube e perde o sujeito que pretendia usar o clube como alavanca profissional, política ou comercial;

7 – agora, tudo o que está referido acima (que existe também no Inter e em outros clubes em maior ou menos intensidade) cresce ou diminui de importância se o clube tiver no comando pessoas realmente capazes, conhecedoras de futebol, aptas a exercer o poder com autoridade, sem desprezar o diálogo, com capacidade de aglutinação e liderança, mas acima de tudo com personalidade e pulso firme diante de situações difíceis. Dentro do regime presidencialista que caracteriza o clube de futebol em geral, quem dá o tom, como o maestro que rege os músicos, é o presidente.

Cabe ao presidente escolher seus comandados, seus músicos. O problema hoje é que cada ‘partido’ da tal sustentação tem nomes a indicar, e ai do presidente que ignorar as indicações.

O clube é sempre o reflexo de quem o preside; se o presidente for apático, sem força e vontade para mudar o rumo das coisas, do tipo ‘laissez faire,laissez passer,le monde va de lui-même’, que significa mais ou menos ‘deixai fazer,deixar passar,o mundo caminha por ele mesmo’, o presente se torna tumultuado e o futuro sombrio.

Um presidente desse tipo pode afundar o mais poderoso dos clubes de futebol.

O que escrevi talvez não explique tudo, mas não tenho dúvida de que ajuda a entender não apenas o atual momento do Grêmio, mas o que aconteceu nos últimos anos e o que ainda pode ocorrer se não houver uma mudança ampla e profunda no clube, que, ainda por cima, vive uma crise de bons nomes para assumir cargos de comando.

16 comentários:

  1. Tenho que concordar contigo. O quadro é caótico, sem perspectiva a curto e médio prazo. Porém acredito na nova geração de gremistas que tem surgido e se manifestado nos ultimos tempos. O Gremio precisa mudar seu perfil de conselheiros e diretoria.

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  2. Ilgo; estava dando uma olhada nos sites e esta materia no IG chamou a atenção: A chance de atuar em um grande clube da nação pentacampeã mundial fez a diferença no acerto com o cruz-maltino.

    "Depois de tudo acertado, o técnico do Lanús não queria me liberar, mas tive uma conversa franca com ele, com o presidente e com o pessoal do Vasco. Cheguei ao meio-termo para todos e acertei a minha vinda. Eu queria vir para cá para ter essa chance no Vasco. A balança pesou por ser a minha primeira passagem no futebol brasileiro", garantiu o atleta, que assinou contrato até o final de 2011.
    Meira tentou e nada. Estou falando do zagueiro Jadson Viera e assim tem sido com todos que o Meira procura. Somente quem não é procurado ou está encostado conseguem contratar como o Ozéia. Rafael Carioca e Éder Luís também preferiram o Vasco. Réver foi para o Galo.

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  3. Patrick Hartwig Borges que o Meira jurava que não haviam contratado chegou e foi para os juniores mesmo tendo sido titular absoluto no Lobão. Vai entender esta gente. Depois o Lamparina fica improvisando zagueiro tendo jogadores bons no plantel.

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  4. O potiguar Wallyson Ricardo Maciel Monteiro que cansei de indicar aqui para o Grêmio agora vai defender a raposa do Cuca. Enquanto os principais clubes se armam com bons jogadores o Duda Meira vai antecipando receitas para pagar uma folha de come e dorme. Rochemback já está baleada assim como o Leandro. Douglas se não tiver alguém gritando só faz firulas. Está faltando um 5 que saiba jogar comande o time e grite com os acomodados.
    Eu não teria dúvida em contratar um jogador como o argentino do River Santiago Galucci para usar a 5 e fazer o Grêmio jogar.

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  5. Ilgo; e as pererecas do barbudo. Lulla o caçador de perereca. Já tivemos um caçador de marajá.

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  6. Quando o conselho vira vaquinhas de presépio é hora de renovação total. Passar as cores de pai para filho é uma coisa mas passar cargo já é bem outra.
    Esta conversa de que politica está no sangue é para boi dormir. Artista quando está mal e jogador aposentado quer é arrumar uma mamata na politica.

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  7. A impressão que tenho é de que as pessoas antigamente, anos 80 pra baixo, eram abnegadas servidoras dos clubes; hoje, querem antes de tudo tirar algum proveito do clube de futebol. Mas isso de modo geral. Ainda há gente prestativa e desinteressada, realmente preocupada em buscar o melhor para o clube, o que algumas vezes implica em seu afastamento para dar lugar a outro que possa ter mais sucesso. O problema é que tem uns que não largam o osso, mesmo em prejuizo do clube.

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  8. Lulu 90% de aprovação31 de julho de 2010 às 16:00

    Isso é DEFINITIVAMENTE, uma caça que não te interessa. As tuas CAÇAS a gente nota, são "meninos' de 1:70, 1:80, etc...
    da sub 11, sub 13 e por aí vai. HUÁ HUÁ HUÁ
    Realmente caçar "perereca" não é contigo.

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  9. Rapaiz, esou aqui em Bruxellas, mas não tem nada pra fazer. Acreditas que não passa em nenhum atv aqui, os jogos do paulistão sub 08?
    Incrível.
    Bah, que inveja de vcs aí em POA, podendo passear pela Ramiro. Bah, que bom.
    Por favro, blogueiro, leva meus parabéns ao prefeito Fortunatti, que fez o que o Fogaça não fez em seis anos, liberou a Ramiro. Bah, esa obra fantástica tem de receber uma comemoração a cada semana, que achas da idéia?
    HUÁ HUÁ HUÁ

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  10. HEHEHE,a gora sim, Cisco Chicão Kid, esse é o Chicão que a gente conhece. Já tava estranhando, hehehe.
    Até mais, e vê se prepara asequência da tua Trilogia (é assim que escreve?) na próxima Feira do Livro.

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  11. Uns fazem pouco em 6 anos, outros fazem nada em 16.

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  12. Injustiça dizer que eles nada fizeram. Fizeram muita m., isto sim.

    Agora, a musiquinha que mais gosto:

    É Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma, pelos mais carentes. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, para o bem da nossa gente. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, e os três para o bem da gente``

    AH, HOJE É O ULTIMO JOGO DE SILAS NO GREMIO.

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  13. Se for para derrubar o Silas e Meira não me importo de perder.
    Popp und Kulig schießen Deutschland zum Titel. U-20-WM.

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  14. Perfeito, Ilgo! É essa a situação do Grêmio hoje: um clube cujos conselheiros se gabam pelo cargo que ocupam, mas que somem quando a situação aperta. Havia uma esperança que esse quadro melhorasse depois da queda vergonhosa de 2004. Mas foi só o time voltar a jogar e disputar títulos expressivos que tudo voltou à estaca zero.

    As perspectivas, infelizmente, não são as melhores, e muito provavelmente esse "coronelismo" que impera no CD do Grêmio vai se manter por um bom tempo, ainda.

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  15. ilgo, me explique essa historia do meira ja ter trabalhado no inter

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  16. e mesmo, não fez nada o PT em Porto Alegre. HEHEH
    Que o digam os empresáios de ônibus que humilhaama apopulação e sabiam q a spromessas de campanha dos candiatos não passavam d epromessas. Intervençã? Quem se atreveria?
    OLÍVIO DUTRA. E interviu, e botou a CARRIS entre as melhores do MUNDO.
    E obrigou as outras a melhorarem os serviços.

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