É preciso uma certa técnica em tudo na vida. É preciso arte, um tanto de requinte até para as coisas mais prosaicas, mais simples.
Até para comer sagu é necessário, fundamental, uma certa sutileza, apreço a detalhes que normalmente dispenso para qualquer outro tipo de alimento, salgado ou doce.
É que o sagu é a minha sobremesa preferida. Cheguei a essa conclusão depois de meio século de vida. Passei por outras preferências. Arroz de leite e pudim de leite condensado são dois exemplos. Já estiveram no topo. Hoje, é o sagu. Com creme de baunilha, claro.
O problema é que o sagu virou uma obsessão. Entro no restaurante e vou direto ver se tem sagu. Quase todos tem. A maioria, porém, é desprezível.
Só pela cor já percebo que o sagu é ruim. O creme precisa ser... cremoso. Nem muito consistente, nem muito líquido.
O sagu bom tem cor escura, cor de vinho tinto. Já vi até sagu de refresco de uva. Um acinte, uma agressão.
Depois de avaliar a cor, analiso a consistência. A parte líquida deve ser cremosa e as bolinhas firmes, mas macias. O sagu deve, obritatoriamente, exalar um aroma de vinho. Caso contrário, me afasto.
Um sagu bom é também sinalizador de um bufê de sobremesa de qualidade, o que é válido inclusive para o bufê de saladas e de pratos quentes. Um sagu ruim, obviamente, aponta para o oposto.
Quem fizer o teste verá que tenho razão. Sagu bom é sinal de refeição boa.
Para saborear devidamente o sagu que passou no teste visual e de olfato, é preciso saber servir-se de modo adequado.
Eu ensino: pegue o pote (não pode ser pires, de jeito nenhum), coloque sagu até quase em cima. Depois, uma colher de sopa, ou duas, de creme. Eu costumo afastar aquela película mais sólida que se forma na superfície. Se não der, vai assim mesmo.
Agora vem o momento especial, o ápice, é como o atacante na cara do gol. É preciso jeitinho, uma técnica apurada para degustar o manjar que está à frente, indefeso como um goleiro diante do goleador.
Nesse momento eu sou o goleador.
É imperdoável misturar o sagu com o creme, dando voltinhas com a colher, como tem gente que faz com o prato feito.
Mergulhe a colher no sagu e depois no creme, nesta ordem. O creme não pode ocupar mais do que 30% da colher. Eu costumo ficar nos 20, 25 por cento.
Bem, aí chegou a hora de avaliar o sabor. Normalmente, seguindo os passos referidos, não haverá decepção.
Se tudo der certo, é só mandar ver e ir pra galera.
SAIDEIRA
Depois dessa louvação ao sagu legítimo, perfeito e imbatível como sobremesa, só falta uma dica. Onde comer um bom sagu? Descobri um lugar recentemente, perto da minha casa: Romana Becker, um restaurante familiar, comida boa e barata, caseira, alta qualidade. Custa 10 pilas na semana e 14 no sábado. O bufê de sobremesa é nota dez. Com destaque, claro, para o sagu. O restaurante fica na Marcelo Gama com Américo Vespúcio. Está ali há uns 40 anos. Um dos donos é o Astor, colorado doente. Ele é quem faz o sagu.
Antes, eu satisfazia minha fome de sagu no Mamma Mia, no bairro Floresta. Mas ele fechou. Agora, só em Gramado.
Aceito novas indicações.
FECHANDO A CONTA
Do jeito que a coisa está, não dá nem pra falar de futebol.
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Por falar em sagu, comprei no Zaffari, mas às vezes compro na Lancheria do Parque. O da Lanchera passa nesse teu "teste"? Eu curto.
ResponderExcluirO engraçado são as "aparências" de certas sobremesas, com nojeiras. Exemplo:
Vai dizer que Arroz de Leite não parece vômito?
E que Ambrosia não parece caganeira?
P.S. Quando o Carlos Eduardo fosse convocado pela 4ª ou 5ª vez, o Grêmio ganharia X. E agora, se completar as tais convocações, o Grêmio recebe isso? Ou fica tudo nesse percentual por ter formado atleta e tal?
O segundo gol da macaca foi um cruzamento na medida do Bruno Collaço. Para o Silas não servia, mas para Jorginho foi a solução.
ResponderExcluirSagu era o da minha mãe com pouca canela e cravo. O vinho vinha da colônia francesa de Pelotas e artesanal com uns 42 de álcool. Garrafão coberto com saco de estopa e rolha vedada com cera vermelha. O creme encorpado e doce. Sempre fazia um pouco a mais de creme que comia com figo também preparado por ela, pois não gosto de calda convencional. Depois destas delicias sempre um cálice de Cointreau também feito por ela e enterrado no pátio por 1 a 2 anos para curtir. As laranjeiras de casca grossa vieram de Pelotas na carroceria de uma camionete Fargo marrom e bege carroceria de madeira lá por 1958. Foram três dias de viagem.
Esta foi a equipe que perdeu de 1 a 0 do Sapucaense. Andrey perdeu a mão e a visão.
ResponderExcluirTiago Machowski TIAGO 1
Gabriel Orlandini Spessato SPESSATO 2
Gerson Fraga Vieira GERSON 3
Eduardo Schroeder Brock BROCK 4
Mateus Andre Magro MAGRO 5
Dener Assuncao Braz DENER 6
Juliano Fogaca Soares FOGAÇA 7
Emerson Gustavo Pinto dos Santos EMERSON 8
Everaldo Stum EVERALDO 9
Bruno Renan Trombelli BRUNO RENAN 10
Almir Junior de Brito Pinheiro ALMIR 11
Reservas:
Matheus Lacerda Matos MATHEUS 12
Wander Pereira Martins WANDER 13
Patrick Hartwig Borges PATRICK 14
Christofer de Souza Barros Lima CRISTOFER 15
Marcelo Vieira Medeiros Junior MARCELO 16
Jonas Henrique Pessalli PESSALI 17
Guilherme Morano MORANO 18
Nunca comi esses sagus do zaffari e da lancheria do parque. até vou passar por lá pra dar uma olhada. só de olhar já sei, sou expert, doutor em sagu, phd em sagu.
ResponderExcluirsagu tem que ter um pouco de cravo e canela, sim.
sobre o cointreau, uma vez fiz com casca de bergamota. ficou muito parecido com o original, e bem mais barato. quem quiser eu ensino, não me lembro muito bem, mas não tem maior mistério. acho que no google se acha uma receita.
agora, essa de enterrar no pátio não sabia. deve curtir mais o licor.
viu como é bom não falar de futebol...
Ha,e pinhão parece barata.
ResponderExcluirP.S. O Portaluppi precisa detonar tanto o Silas?
" não sou mágico... tuuudo de errado q encontrei.....etc....".
Não lembro ele ter enaltecido o trabalho do Joel Santana, quando ele, Portaluppi, já eliminado da competição ocm o Vasco, pegou o Flu classificado e comemorou o título.
Quando a prosopopéia flácida para acalentar bovinos (conversa para boi dormir) domina as conversas no Olímpico o time não anda. Duda e seus parceiros gastaram o tempo com prosopopéia e desconhecendo o mercado se deslumbrando com nomes ofertados por empresários com DVD bem gravado. Ver DVD em gabinete é uma coisa e ver jogador atuar na chuva ou com sol é outra coisa. Pelaipe era outro garganta que se dizia especialista em mercado e foi para Fortaleza voltando com resultados pífios lá como cá.
ResponderExcluirVamos ver os indicados pelo Renato, pois destes últimos contratados na gestão Odone/Duda raros vingaram.
Ilgo; terá tua declaração de renda sido revisada na fábrica de dossiês? Pelo andar da ditadura petista não estamos livres.
ResponderExcluirditadura de 'esquerda' é bonito, num sabi bichin?
ResponderExcluirse pegarem meu IR vou acabar recebendo doações...
tá feia a coisa.
e vai piorar.
já escrevi muito tempo atrás, não vai sobrar pedra sobre pedra...
Certa feita era hora da sobremesa.
ResponderExcluirJantar de comemoração,amigos,etc.. o de sempre.
Sagu 50% Creme 50%, (acho que foi mais por causa do creme)minha proporção ideal..
Como ritual de celebração da sobremesa em questão,sempre chega a hora de degustar a especiaria, ou seja morder o Cravo da India.
Cravo da India, AZEDO?
Não. Varejeira. Sim a mosca !!!
Passei a noite fazendo bochecho de cerveja.
Agora tenho mais cuidado. Rs,rs,rs...
Em tempo ,quanto a Libertadores, quem cheqa primeiro em terra desconhecida, e crava sua bandeira, é Dono!!
O colorado mostra aquela gostosa, que passa e diz com desdenho:
É minha namorada!
O gremista diz:
Pois é, já comi !
Abraço
Sandro Dias
São Jeronimo - RS