sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um copo de Cerveja ou suco de Ri-do-rato?

Uma das coisas boas da vida é que a gente sempre acha que já viu, mas descobre a cada instante que ainda muito o que ver.

Por exemplo, técnico faltar a treino eu ainda não tinha visto. Pelo menos em clube grande. Essa do Mário Sérgio deixar o pessoal esperando de manhã e depois transferir o treino para a tarde entra para a história. Até agora ninguém sabe o que realmente aconteceu.

Agora, um texto impecável do Arnaldo Jabor. Transcrevo na íntegra porque reflete o que eu penso, o meu desânimo, o meu desencanto. Champanhe ou cianureto. No meu caso seria um copo de cerveja ou suco de Ri-do-rato?

É um texto longo, mas vale a pena:


Devo pedir champanhe ou cianureto?
ARNALDO JABOR
a.j.producao@uol.com.br

O grande Cole Porter tem uma letra de música que diz: "Questões conflitantes rondam minha cabeça/devo pedir cianureto ou champanha?"
Sinto-me assim, como articulista. Para que escrever? Nada adianta nada. Ando em crise, como vejo nos desenhos do excepcional Angeli, gênio da HQ. E como meu trabalho é ver o mal do mundo, um dia a depressão bate. Não aguento mais ver a cara do Lula de boné, dançando xaxado pelo pré-sal; não aguento mais ver o Sarney mandando no país, transformando-nos num grande "Maranhão", com o PT no bolso do jaquetão de teflon, enquanto comunistas, tucanistas e fascistas discutem para ver quem é mais de "esquerda" ou de "direita", com o Estado loteado entre pelegos sem emprego e um governo regressista nos jogando de marcha a ré para os anos 40; não dá mais para ouvir quantos campos de futebol foram destruídos por mês na Amazônia, quando ninguém jamais consegue impedir as queimadas na região, enquanto ecochatos correm nus na Europa, fazendo ridículos protestos contra o efeito estufa; passo mal quando vejo a cara dos oportunistas do MST, com a bênção da Pastoral da Terra, liderando pobres diabos para a "revolução" contra o capitalismo; não aguento secretários de Segurança falando em "forças-tarefas" diante de presídios que nem conseguem bloquear celulares; não suporto a polêmica nacionalismo pelego X liberalismo tucano de hímen complacente; tenho enjoo com vagabundos inúteis falando em "utopias", bispos dizendo bobagens sobre economia, acadêmicos rancorosos decepcionados, mas secretamente apaixonados pela velha esquerda.
Tremo ao ver a República tratada no passado, nostalgias de tortura, indenizações para moleques, heranças malditas, ossadas do Araguaia e nenhuma reforma no Estado paralítico e patrimonialista; não tolero mais a falta de imaginação ideológica dos homens de bem, comparada com a imaginação dos canalhas, o que nos leva à retórica de impossibilidades como nosso destino fatal, e vejo que a única coisa que acontece é que não acontece nada, apesar dos bilhões em propaganda para acharmos que algo acontece.
Não aturo essa dúvida ridícula que assola a reflexão política: paralisia X voluntarismo, processo X solução, continuidade X ruptura; deprimo quando vejo a militância dos ignorantes, a burrice com fome de sentido, tenho engulhos ao ver a mísera liberdade como produto de mercado, êxtases volúveis de "clubbers" e punks de butique, descolados dentro de um chiqueirinho de irrelevâncias, buscando ideais como a bunda perfeita, bundas ambiciosas, querendo subir na vida, bundas com vida própria, mais importantes que suas donas; odeio recordes sexuais, próteses de silicone, pênis voadores, sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama; não suporto mais anúncio de cerveja com louras burras, detesto bingo, "pitbulls", balas perdidas, suspense sobre espetáculo de crescimento que só acontece na mídia; abomino mulheres divididas entre a piranhagem e a peruice. Onde está a delicadeza do erotismo clássico, a poética do êxtase?
Repugnam-me os sorrisos luminosos de celebridades bregas, passos-de-ganso de manequim, notícias sobre quem come quem; horroriza-me sermos um bando de patetas de consumo, crianças brincando num shopping, enquanto os homens-bomba explodem no oriente e ocidente, enquanto desovam cadáveres na faixa de Gaza e em Ramos, com ônibus em fogo no Jacarezinho e Heliópolis, museus superfaturados evocando retorcidos bombardeios em vez de hospitais e escolas, espaços culturais sem arte alguma para botar dentro, a não ser sinistras instalações com sangue de porco ou latinhas de cocô de artistas picaretas vestidos de "contemporâneos".
Não aguento chuvas em São Paulo e desabamentos no Rio, enquanto a Igreja Universal constrói templos de mármore com dinheiro arrancado dos pobres, e Sonia Hernandez, a perua de Cristo do Renascer, reza de mãos dadas com Dilma Rousseff de olhos fechados, orando pelos ideais de Zé Dirceu.
Enquanto isso, formigueiros de fiéis bárbaros no Islã recitam o Corão com os rabos para cima antes de pilotar caminhões-bomba, xiitas sangrando, sunitas chorando, tudo no tão mal começado século XXI; não aguento ver que a pior violência é nosso convívio cético com a violência, o mal banalizado e o bem como um charme burguês; não quero mais ouvir falar de "globalização", enquanto meninos miseráveis fazem malabarismo nos sinais de trânsito, cariocas de porre falando de política e paulistas de porre falando de mercado, festas de celebridades com cascata de camarão, matéria paga com casais em bodas de prata.
Lula com outro boné, políticos se defendendo de roubalheira, falando em "honra ilibada", "conselho de ética arquivado", suplentes cabeludos e suplentes carecas ocultando os crimes, anúncios de celulares que fazem de tudo, até "boquete"; dá-me repulsa ver mulheres-bomba tirando foto com os filhinhos antes de explodir e subir aos céus dos imbecis; odeio o prazer suicida com que falamos sem agir sobre o derretimento das calotas polares, polêmicas sobre casamento gay, racismo pedindo leis contra o racismo; odeio a pedofilia perdoada na Igreja, vomito ao ver aquele rato do Irã falando que não houve Holocausto, sorrindo ao lado do Chávez, cercados pelas caras barbudas de boçal sabedoria de aiatolás; repugnam-me as bochechas da presidente Cristina Kirchner destruindo a Argentina, Maluf negando nossa existência, Pimenta das Neves rebolando em cima dos buracos do Código Penal; confrange-me o papa rezando contra a violência com seus olhinhos violentos; não suporto cúpulas do G-20 lamentando a miséria para nada; tenho medo de tudo, inclusive da minha renitente depressão; estou de saco cheio de mim mesmo, dessa minha esperançazinha démodé e iluminista de articulista do "bem", impotente diante do cinismo vencedor de criminosos políticos. Daí, faço minha a dúvida de Cole Porter: devo pedir ao garçom uma pílula de cianureto ou uma "flûte" de champanhe rosé?

9 comentários:

  1. Está faltando um partido forte com HOMENS e ideais inabaláveis para varrer esta pocilga que é a política atual. Basta estabelecer um imposto único de 13% e acabar esta farra de mamatas. Não vejo necessidade de 3 senadores por estado. Os senadores deviam ser eleitos pelas assembléias estaduais e também cobrir seu custo como revisor das leis e defensor dos interesses estaduais. Os deputados não deveriam ser mais de três por estado. O FGTS seria um fundo social de aposentadoria como é a privada e negociada individualmente de 10 a 30% do salário. O mesmo com o plano de saúde em grupo acabando com as mazelas de INSS. Diminuir o custo com encargos é mais gente empregada e melhores salários.

    ResponderExcluir
  2. Mas falando da redonda temos a imprensa informando que o Grêmio estaria contatando e contratando: Washington Stecanella Cerqueira - 1/4/1975, ou seja: no final do Gauchão e Copa do Brasil o jogador estará com 35 anos. Hugo Henrique Assis do Nascimento - 27/10/1980 seria outro que o Grêmio pretende e Humberlito Borges Teixeira – 05/10/1980. Hugo para quem tem acompanhado o SP tem salvado a pátria entrando no segundo tempo. Washington divide com Borges a artilharia sendo 5 os longos anos que os separam. O outro avante (meia atacante agudo) pretendido pela dupla Meira/Autuori é o Leandro Lessa Azevedo – 13/08/1980 ainda enrolado com o Verdy Tokyo, do Japão. Resumindo: contratações de 30 para riba e um geriatra...

    ResponderExcluir
  3. Mas que é bom um carreteiro bem feito é inegável. Até banha foi usada na fritura... Ilgo; leia o artigo da Veja sobre as milícias do Chaves. Este aprendiz de ditador quer por fogo no continente. Quero ver depois como desarmar esta gente que fatalmente tomará o poder e agirá além das fronteiras como uma FARC bolivariana. Isso me cheira a Bolchevique e um novo livro vermelho escrito com muito sangue.

    ResponderExcluir
  4. Francisco, concordo contigo. Temos que reduzir numero deputados e senadores, deixar o estado menos pesado, menos oneroso.
    mas quem vai fazer isso? quem vai cortar a mamata?
    washington é dose para mamute, que é o peso dele hoje no sp.
    tava bom esse carreteiro, então?
    pra acompanha suco de ri-do-rato?

    ResponderExcluir
  5. O que esse lulla faz é só aumentar imposto, aumentar numero de boquinhas e comprar votos. Aqui as coisas andam muito parecidas com nossos vizinhos. Até a imprensa já andaram querendo controlar. Quero dizer, lógico que controlam, mas não como gostariam.
    Mais jogadores em fim de carreira. Uêba!

    ResponderExcluir
  6. E agora, tchê? Qual será a desculpa de levar gol do Ronalducho... O crônico problema é o meio campo a meu ver. Arrumando o meio pode colocar até o Yuri Souza Almeida – 07/05/1995 (MAMUTE) de centroavante que ele marca mais que as múmias atuais ou o Yur Ferreira Martha de Freitas – 9/01/1992 com 1,81. Quem viu a sub 20 hoje até a entrada do Douglas Costa viu a Alemanha mandar no jogo e estar vencendo... Túlio??? Tcheco e Rochemback so faltaram sair no tapa para ver quem bate falta. Segundo relatam os setoristas o melhor aproveitamento em treinos é do Douglas e do Rochemback.

    ResponderExcluir
  7. Eu vi a sub 20 e estou de acordo. Alguns bons jogadores estiveram abaixo do esperado, e o empate foi no final. A virada veio de um erro grotesco da zaga, daqueles erros que vemos acontecerem com o Grêmio as vezes. O goleiro brasileiro foi bem, embora seja bem ruinzinho.
    Vou começar a formular um saco tricolor. Nele deve conter Thiego, Túlio, Herrera e Perea. Ainda algumas assombrações que estão voltando na virada do ano, como o Hélder, o Pico e o Héverton. No mínimo esses sete devem (precisam) sair. Tem mais gente para a barca.

    ResponderExcluir
  8. O Renato demora muito pra soltar a bola. Ou não tem qualidade mesmo, ou deve ser falta de preparo. Claro, não teve oportunidades também, mas a amostragem que é pouca não dá esperanças.
    Cada vez que joga, o Douglas Costa me dá mais certeza de que foi utilizado no lugar errado no Grêmio. Incrível como o time de um treinador laureado como o Autuori não possui uma jogada ensaiada, uma penetração, uma tabela. Prefiro acreditar que o treinador não desembarcou ainda, que seu contrato visa o ano que vem mesmo. Afinal, ano que vem é ano de eleição.

    ResponderExcluir