sábado, 11 de abril de 2009

Adriano e sua Gente Humilde

É de conhecimento geral que o imperador Adriano há um ano, mais ou menos, vive uma crise emocional, uma crise de identidade, uma crise moral e/ou ética. Uma delas, ou até todas juntas.

Agora, numa atitude inusitada, anuncia que não quer mais jogar futebol. Sabe, aquele esporte que todo mundo gosta de jogar. Quer dar uma pausa para meditação, reflexão sobre os rumos a tomar em sua vida. Se fosse numa relação amorosa, diria que ele quer “dar um tempo”.

Sai de casa, Milão, para buscar aconchego em outro lar. Volta às suas raízes, busca a compreensão de seus velhos amigos, sobe o morro das casinhas modestas, quase cantando Gente Humilde: “São casas simples, com cadeiras na calçada, e na fachada escrito em cima aqui é um lar”. A letra é mais ou menos assim.

Adriano busca, talvez, o velho lar. Há um ano perdeu seu pai, uma referência. Para ele, talvez, algo bem maior. No morro, como disse o Juremir Machado da Silva, meu cronista preferido por seu estilo cáustico, ácido, irônico e por vezes debochado, “Adriano vai poder soltar pipas com os amigos, andar descalço ou de chinelos, livre”.

Juremir mostrou que Terceiro Tempo, da Guaíba, sexta-feira, que está sensibilizado com a história de Adriano, o garoto pobre, que cresceu queimando uma etapa de sua vida (comum no futebol), a adolescência, para ficar rico, tirar os pais da pobreza, e que agora, coberto de dinheiro, abre mão de tudo para curtir pedaços de uma vida que ele deixou pelo caminho na difícil escalada rumo ao sucesso.

Se tudo isso é o que parece, a história de Adriano, além de inédita, é comovente.

Agora, meu coração empedernido, minha mente doentia, que imagina sacanagem em tudo, suspeita que possa ser uma grande armação para Adriano atingir seu objetivo, este sim muito claro: sair da Inter, abandonar Milão, onde ele não se sente vontade, como não cansa de dizer.

Por isso, vou ficar decepcionado, mas não surpreso, se daqui a algum tempo, dois ou três meses, ele não aparecer jogando em outro grande clube europeu, ganhando seus 400 mil euros mensais. Ou, na pior das hipóteses, voltando a vestir a camisa do Flamengo, ganhando bem menos, mas ainda mais do que qualquer outro jogador de futebol em atividade neste país.

Com dinheiro no bolso, feliz, jogando futebol, soltando pipa e caminhando de chinelo de dedo no morro. E, quem sabe?, de volta aos braços da mulher –sim, tem uma paixão mal resolvida no caso – para dar ao enredo um toque de novela global.

Torço para que o Juremir esteja certo, mas desconfio que não. Infelizmente.

Para encerrar, juro que gostaria de imaginar Adriando cantando esse samba do Agepê, um sambista que anda sumido, sufocado pela mediocridade que assola a música brasileira:

"Moro onde não mora ninguém/ Onde não passa ninguémOnde não vive ninguém/ É lá onde moroE eu me sinto bem/ Moro onde moro ....

Não tem bloco na rua/ Não tem carnaval Mas não saio de lá Meu passarinho me canta a mais linda/ Cantiga que há Coisa linda vem do lado de lá Coisa linda vem do lado de lá Moro onde moro ... (Eu também moro...)

Uma casinha branca/ No alto da serra Um coqueiro do lado Um cachorro magro amarrado Um fogão de lenha, todo enfumaçado É lá onde moro/ Aonde não passa ninguém É lá que eu vivo sem guerra É lá que eu me sinto bem Moro onde moro"

4 comentários:

  1. Também desconfio desse adriano, ainda mais depois de ver e ouvir suas entrevistas. Está com cara de real madrid isso.

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  2. Sou doente também, pois imagino q ele queira dar o calote justamente nos italianos, pais da máfia, vai se lascar. Acha q eles o venderão por dois réis, para não perderem tudo, no caso dele largar memso.
    Sobre a música do Agepê, tava boa até o negócio de amarrar o pobre cusco, pra quê?? Se não passa nada lá. Pra que judiar do cachorro? Q mania tem essa gente, tem mais é que se f...mesmo e não vender disco nenhum, pra aprender a tratar bem dos animais.....

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  3. Hoje é dia de secação. Dei um jeito na antena e agora sim não tem pra ninguém. A cara do adriano nas entrevistas não me convence. Não vou julgar a Itália por certas questões, mas duvido que eles não tenham pensado o mesmo.

    Feliz páscoa a todos!

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